sexta-feira, 21 de março de 2008

Frases soltas (da minha terra)

Os inconvenientes da Páscoa :
- Se o padre pensa que sou eu que vou limpar a igreja, está bem fodido.
Adjectivos descritivos
-O filho do Mário está careco redondo
Adjectivos qualitativos – atestando da qualidade dos chouriços.
-O meu home estradaça nos chouriços de sangue que é um regalo.
As virtudes do alvarinho (de friestas)
O Nibe , aos 92 anos, emborca na garrafa de tinto que nem uma esponja. Depois, de gatas, por debaixo das latas (latadas), vai espreitar as gajas descascadas na praia fluvial.
Economias
O Tio Manel, ainda está muito guicho; não autoriza que ninguém lhe receba a reforma, vai ele recebê-la e esconde-a. A família vê-se quilhada para lhe arrancar uns tostões.

O que não é visto não é lembrado.

Ao mesmo ritmo que se encerram centros de saúde, maternidades e escolas, abrem hipers e supermercados. Não consigo perceber como é que uma terra (a minha) que não tem população suficiente para justificar uma urgência – tão pouco um centro de saúde digno desse nome, consegue, no espaço de poucos meses abrir um Feira Nova, um Modelo e um Mini-Preço, a juntar aos supermercados e mercearias existentes. Ou talvez até perceba. A receita para atrair consumidores e fomentar o consumo reside na escolha, imagem, apresentação e variedade de produtos. Quando vamos à mercearia do Zeca, compramos o essencial. Nada nos atrai para abrimos os cordões à bolsa e comprarmos mais isto e aquilo. Já num moderno hiper ou supermercado, embora não precisemos, de pela sua cuidada apresentação, disposição e variedade, os produtos saltam quase automaticamente para o cesto ou carrinho de compras.
Parece-me assim que os nosso governantes fazem o paralelo – se um comercio com vasta escolha de marcas e produtos faz disparar o consumo, a existência de hospitais, urgências e centros de saúde faz disparar senão as doenças, pelo menos os doentes. Portanto, toca a fechar neles. Quanto menos houver, quanto mais distantes, desorganizados, sujos e desumanos, menos os doentes terão vontade de aparecer. Assim se reduzem os gastos e cumprem-se orçamentos. Este tipo de economia, faz-me lembrar tempos idos, ou como na verdade António de Oliveira Salazar foi um grande homem. Ou como os Portugueses ainda não perceberam o que é a democracia, progresso e solidariedade social… temos muito que marchar.

Até sempre

Ceivães, 19 de Março de 2008

Querida Mãe,
Estive contigo nos últimos instantes da tua vida, a minha mão a apertar a tua, a acompanhar-te nos últimos metros do teu percurso terrestre e na entrada para um repouso mais do que merecido, após sete anos de combate intenso, mas sempre digno e corajoso contra a doença, que, mesquinha e cobarde, te enganou a ti, a nós e à medicina. Nestes últimos 15 dias em que tive o privilégio de te acompanhar, apesar do teu sofrimento, de saberes que já não tinhas força para continuar o combate, tiveste sempre uma palavra, um gesto, um olhar para te preocupares comigo. Que eram horas de ir almoçar, que eram horas de regressar a casa para não jantar às tantas. Apesar do teu imenso sofrimento, de sentires a vida a escapar, o teu amor de mãe sobrepunha-se a tudo isso e conseguias arranjar força para te preocupares comigo, com o meu bem estar. Que enorme lição me deste, uma última das muitas ao logo da vida. A maior delas foi teres-me dado a certeza que quem ama não morre. Porque, o amor que me deste ao longo da vida, e sobretudo nas últimas horas, deu-me uma certeza – nunca mais te esquecerei – por isso enquanto eu viver, tu também vives. Continuarei a dizer nos dias em que por cá andar – a minha Mãe faz hoje anos; a minha Mãe é a pessoa que gosta mais de mim. A minha Mãe vive – no meu coração, no meu pensamento