terça-feira, 22 de abril de 2008

Barões, dinossauros e outros fósseis.

“Eurodeputados sociais-democratas ao lado de Manuela Ferreira Leite
A delegação do PSD ao Parlamento Europeu apoia «unanimemente» a candidatura de Manuela Ferreira Leite à liderança do partido, anunciou hoje em Estrasburgo o eurodeputado João de Deus Pinheiro.”

Não sou nem nunca fui socialista, embora respeite muito aqueles que o são (de verdade).
Não sendo socialista, tão pouco extremista, embora por vezes o pareça, restar-me-ia o PSD para exprimir as minhas convicções e ideais políticos. Mas não consigo dar o meu voto nem a minha confiança a um partido agarrado ao sebastianismo, aos barões e aos históricos.
O PSD foi governo largos anos e o que nos deixou? Um país que não soube aproveitar as oportunidades, como a Espanha ou a Irlanda, mantendo-nos teimosa e orgulhosamente na cauda da Europa. Os tão aclamados e desejados barões e históricos do PSD são em boa parte, senão na totalidade, responsáveis pelo estado do país – entre eles os Srs Silva, Dias Loureiro, Nogueira, Mendes, etc, etc, e claro a Manuela Ferreira Leite. Penso que está provado que a velha (não na idade, mas sim na mentalidade) geração de políticos do PSD são medíocres ou, pior ainda, oportunistas – os resultados obtidos – leia-se o estado do país - são a prova.
Eu gostaria de apoiar um PSD virado para o futuro, liderado por gente jovem, com visão e abertura de espírito. Um PSD que não tenha medo de abandonar o politicamente correcto, que compreenda que hoje em dia não é necessário andar dez anos em Coimbra para ter e exprimir ideias, que as etiquetas de Sr. Doutor, Engº ou Comendador são resquícios de uma época balofa, resquícios de fascismo.
Um PSD que não tenha medo e que diga alto e em bom som que o governo do Sócrates é um governo de cobardes – basta ver a treta das avaliações do professores : para levar até ao fim, custe o custar, e que afinal acaba numa fantochada - um PSD que critique, mas que assuma que o progresso tem custos.

Veria com bons olhos uma jovem à frente do PSD. Na falta de uma mulher, um Pedro Passos Coelho, ou mesmo um Santana Lopes, apesar do seu perfil pouco conforme com o cinzentismo português, seriam sempre um melhor alternativa do que os barões, dinossauros e outros fósseis.

Portanto, quando leio que os Eurodeputados, aqueles que me deviam representar, apoiam unanimemente a candidatura de Manuela Ferreira Leite, digo-me que mais uma vez serei obrigado a votar no BE.

Obrigado Miguel

Sempre antipatizei com o Miguel de Sousa Tavares, embora não saiba bem porquê. Achava –o convencido, arrogante, mal-encarado. Conhecia-o, claro, das intervenções como comentador da TVI e crónicas nos jornais.
Li há dois anos o seu romance Equador – um dos melhores livros que li até hoje e mudei um pouco a minha opinião. Um homem que consegue parir uma obra como o Equador pode parecer antipático, arrogante mas tem que se lhe reconhecer talento inegável.
Acabei de ler o seu último romance – Rio das Flores – e devo dizer que rejuvenesci 30 anos – no espaço de 630 paginas. Enquanto não acabei o livro, não descansei. Como na minha juventude, li pela madrugada adentro; embora cansado, li as últimas páginas devagar, refreando a avidez de chegar ao fim, fazendo durar o prazer.
Hoje, mudei a minha opinião, o Miguel de Sousa Tavares não precisa de ser simpático – só espero que continue a escrever livros como Equador e Rio das Flores.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Ecologia

Hoje, um fulano não pode limpar as nádegas a alguns centímetros de papel sem ficar com um peso na consciência. Alguém que tenha consciência ecológica brevemente limpará o cu um dia ao papel, no outro aos dedos.

Li hoje um extenso artigo sobre o aquecimento global, a propósito da vinda de Al Gore a Lausanne, onde deu uma conferencia sobre aquecimento global, crise energética, consciência ecológica e afins. Al Gore saiu de barco a remos do seu Mississípi natal há meses, para desembarcar no lago Leman a tempo e horas para a conferencia. Consciência ecológica obriga, o senhor Al Gore evita o avião, sobretudos os jactos privados. Como os voos lowcost estão mais do que esgotados, o pobre homem vem de barco à vela, e quando não tem vento, rema.

Acredito que o planeta esteja a aquecer, embora por vezes tenha dúvidas, como agora, em que a 15 de Abril estão cinco graus e ontem mesmo nevou a 700 metros de altura. Mas acredito que esteja a aquecer, como acredito que se deveria poupar o petróleo.

Por exemplo, deveria ser interdito utilizar todos os dias o automóvel. Todo o cidadão, deveria abdicar de utilizar a sua viatura 2 ou três dias por semana. Como deveria ser interdito utilizar um jacto privado de quinze ou vinte lugares para transportar apenas duas ou três pessoas, ter um iate de 100 metros para três energúmenos, ou pavonear-se a dois em limusina de oito lugares.

E, se por uma vez me deixassem legislar, todo aquele que transgredisse, teria como castigo, puxar o jacto, limusina ou iate 5 Km com uma corda atada aos tomates. Talvez por aquecimento de (as) partes se conseguisse atingir os objectivos.

Tesão do mijo.

“Professores aprovam por "esmagadora maioria" acordo com Ministério da Educação...

....A ficha de auto-avaliação, a assiduidade, o cumprimento do serviço distribuído e a participação em acções de formação contínua (quando obrigatória) serão os únicos critérios a ter em conta, sendo que as classificações de "regular" e "insuficiente" só terão efeitos negativos na carreira se forem confirmadas na avaliação realizada no próximo ano lectivo.”

Depois das marchas intercalares ( ou marcha dos professores) – antes das marchas populares e depois das marchas carnavalescas - a ministra da educação disse que não recuava um milímetro, a avaliação das sotoras e sotores era para avançar. José Sócrates veio a terreno dizer que a ministra não se demitiria, tinha total apoio do executivo, e a avaliação continuaria contra marchas e marés.
No “Público de hoje”, edição on-line, li o que acima transcrevi. Afinal, a tesão do José Sócrates e da Senhora ministra não era mais do que a do mijo. Esvaziada a bexiga, resta apenas um apêndice minúsculo, descaído e mole. Tal como o acordo de avaliação alcançado entre o ministério da educação e o sindicato dos professores.
Auto-avaliação, assiduidade, cumprimento do serviço distribuído e formação contínua. Tudo serviços mínimos, que mesmo um sotor gago, surdo e cegueta estaria em condições de observar. Ainda por cima, se a avaliação não for excelente, é como se não tivesse existido, só será válida se confirmada no ano seguinte.
Não sei se ria, se chore. É preciso não ter vergonha no focinho para chamar a isto avaliação. A Senhora ministra, que até agora me tinha impressionado favoravelmente, agora sim, deveria demitir-se. O primeiro-ministro, demonstra mais uma vez que não passa de um mágico, (artolas, dizia-se na minha terra) tirando acordos da cartola. Depois dos 150 mil empregos, dos choques tecnológicos, uma avaliação fantoche, para um pais de fantoches. Vivó Silva e o Alberto, que devem neste momento estar a comer uma jantarada com a massa dos parvos do continente, e a rirem-se dos acordos e das avaliações.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

VMI - Vale Do Minho Independente.

Castro Laboreiro – Viana do Castelo – 130 Km, 2h de trajecto.
As populações do Vale do Minho tem de percorrer até 130 Km e duas horas de trajecto, na melhor das hipóteses, até chegarem ao hospital mais próximo – Viana do Castelo.

96 Km separam Genebra de Montreus, contabilizando-se 9 hospitais públicos, exceptuando as clínicas privadas, que ultrapassam esse número. Todos os habitantes desta região estão a menos de 20Km e 15 minutos de trajecto de um hospital.

Isto poderá ser apenas a diferença entre um país desenvolvido e uma republica das bananas, ou a diferença entre uma democracia plena e uma ditadura disfarçada.

Seria bom também que se soubesse que o orçamento da presidência na Suíça é dez vez menor que o orçamento da presidência da republica portuguesa.

Um habitante do Vale do Minho, que num domingo queira visitar um familiar ou amigo no hospital, não tem meios de transporte públicos. Se não conduz, ou vai de táxi – pagando até 70 € de transporte, recorre à caridade de um vizinho ou simplesmente não vai. Se optar por pagar os 70€ de táxi, isso corresponde a ¼ da reforma média mensal. Se tiver que se deslocar 4 domingos, terá que despender 280 € - mais do que a reforma mensal que aufere.

O orçamento anual da presidência da republica Portuguesa daria para manter em funcionamento 4 hospitais médios. Em todo o caso, um faria grande falta no Vale do Minho. O que faz o presidente da republica? Para que serve? O que produz? Que eu saiba nada. O homem e o seu staff, não limpam uma rua, uma retrete que seja. Viaja, vai a baptizados reais em Espanha, passa férias no Brasil ou na China, diz quatro disparates de quando em vez e delapida milhões de euros por ano. À custa do sofrimento e privações das populações do Vale do Minho e de muitas outras pelo pais inteiro.

Contudo, os meus conterrâneos em particular, e os portugueses em geral, aceitam tudo isso, e muito mais, sem uma sombra de contestação. Capazes de marchar até Lisboa, contestando reformas mais do que necessárias, calam-se e resignam-se perante o desaparecimento de escolas, hospitais, maternidades.

Já desisti de ser português há muito. Um Vale do Minho Independente, seria uma pátria possível. Não é de todo impossível. Basta reunir-mos esforços e contratar-mos o Alberto João Jardim. Aposto que em dez anos faria do Vale do Minho um Luxemburgo ou uma Suíça.