Os Magalhães podem estar a ser vendidos no mercado negro. Eis uma boa noticia. Pensava eu que o destino do Magalhães seria, na maior parte dos casos, terminar com as tripas à mostra, depois de embateram na parede da cozinha, mas enganei-me redondamente.
Primeiro, o Magalhães é um caso exemplar da visão socialista à moda das beiras. Comprado pelo estado, comparticipado por operadoras que não comparticipam, repago pelo estado, oferecido a torto e direito, logo revendido nas feiras e mercados (não gosto do termo mercado negro, a expressão denota racismo), poderá ser readquirido pelo estado, re-oferecido a outras escolas, re-comparticipado por canais de televisão, re-exportado para a a Venezuela; em suma cumpre-se o destino, outrora foi a circum-navegação, hoje é a circum-socializaçao, ou um produto que circum-navega à volta de tudo e todos.
Segundo, a odisseia do Magalhães poderá mesmo nestes tempos de crise, criar uns largos postos de trabalho; por exemplo o estado pode contratar e formar centenas, mesmo milhares - 150 000 mil? de comissários para percorreram as feiras e mercados do país, com o objectivo de recuperarem os Magalhães extraviados. Para animar a morosidade dos mercados e fortalecer a economia das famílias, desenvolver o espírito competitivo, aumentar a produtividade, porque não oferecer um incentivo de, sei lá, 150 euros por cada Magalhães recuperado?
Terceiro, a vocação pedagógica do Magalhães deu frutos quase imediatos. Quantos miúdos, quantos pais, não fizeram um curso acelerado de economia e gestão, ao terem que estudar a concorrência, comparar os preços e definir o preço de venda? Quantos não descobriram o que é a competitividade, pois mesmo vendendo a 100 euros, conseguem ter uma margem de 100%, dado o preço de custo ser zero? Quantos não aprenderam que no mercado de hoje, mais do que saber vender, o importante é saber comprar?
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