Ceivães, 19 de Março de 2008
Querida Mãe,
Estive contigo nos últimos instantes da tua vida, a minha mão a apertar a tua, a acompanhar-te nos últimos metros do teu percurso terrestre e na entrada para um repouso mais do que merecido, após sete anos de combate intenso, mas sempre digno e corajoso contra a doença, que, mesquinha e cobarde, te enganou a ti, a nós e à medicina. Nestes últimos 15 dias em que tive o privilégio de te acompanhar, apesar do teu sofrimento, de saberes que já não tinhas força para continuar o combate, tiveste sempre uma palavra, um gesto, um olhar para te preocupares comigo. Que eram horas de ir almoçar, que eram horas de regressar a casa para não jantar às tantas. Apesar do teu imenso sofrimento, de sentires a vida a escapar, o teu amor de mãe sobrepunha-se a tudo isso e conseguias arranjar força para te preocupares comigo, com o meu bem estar. Que enorme lição me deste, uma última das muitas ao logo da vida. A maior delas foi teres-me dado a certeza que quem ama não morre. Porque, o amor que me deste ao longo da vida, e sobretudo nas últimas horas, deu-me uma certeza – nunca mais te esquecerei – por isso enquanto eu viver, tu também vives. Continuarei a dizer nos dias em que por cá andar – a minha Mãe faz hoje anos; a minha Mãe é a pessoa que gosta mais de mim. A minha Mãe vive – no meu coração, no meu pensamento
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