quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

O Lopes

Hoje apetece-me denegrir alguém; sem motivo preciso, a minha escolha recaiu sobre o Lopes.
O Lopes tem o condão de reunir em si todos os defeitos da natureza humana. Mesquinho, cobarde, gabarolas, homossexual reprimido, pulsações a roçar a pedofilia.
Lambe-botas, vira-casacas, de terça a sexta consegue ser de todos os partidos, de sábado a segunda de todos os clubes. Mentiroso e traiçoeiro, manhoso e rancoroso, o sujeito abarca a quase totalidade de adjectivos pejorativos da língua de Camões, sendo mesmo necessário pedir ajuda a Cervantes, para ser exaustivo na descrição.
Passa toda a semana a dizer mal do padre, mas no domingo ajuda à missa. Durante o dia trata o Torres das finanças de corrupto e saco de esterco, mas à noite no café, o mesmo Torres passa a ser o “ilustre amigo”, exemplo de dedicação à causa publica. Diz que o presidente da câmara só se preocupa em encher o saco, antes vivia num casebre sem aquecimento, depois de estar no poleiro, já construiu uma vivenda com aquecimento central e piscina, além de uma casa na praia e apartamentos na capital. Contudo, se acontece encontrar o dito presidente, rasga-se em elogios públicos – maior autarca de que há memória, verdadeiro motor do desenvolvimento da região, homem de saber e de visão.
Poderia encher páginas e páginas a descrever quão sujo, imundo, imoral é o Lopes, mas penso que já se percebeu quem é o Lopes. Só falta saber de que Lopes eu falo.
Pois, foi por isso que eu escolhi o Lopes. Na remota hipótese de alguém ler este texto, ninguém me poderá facilmente acusar de denegrir o Lopes, aquele Lopes que todos conhecem. Ninguém pode saber com absoluta certeza se estou a falar do Lopes da Bemposta, ou do Lopes contrabandista; do Lopes da Povoa de St. Iria, ou do Lopes do Bombarral. Do Lopes comerciante em vinhos, ou do Lopes da PSP. Haverá quem reveja o Lopes de Cantanhede, ou o Lopes de Espinhaço de Cão. Este jurará que estou a falar do Lopes da Correlhã, aquele do Lopes maricas, do Cacém.
Não, não me poderão acusar pois eu nunca disse que estava a falar do Lopes do Cacém, não sou de lá, nunca lá pus os pés, não sei se existem Lopes, muito menos homosexuais, no Cacém. Tão pouco poderão afirmar que falo do Lopes de Mirandela, embora tenha uma vez lá comido alheiras, lembro-me de trocar umas observações, mas com o Costa, não com o Lopes, e tanto quanto me lembro, o Costa não me falou de algum Lopes. Não podem afirmar que se trata do Lopes Alhos Vedros, poderão existir parecenças, mas eu nunca disse que o Lopes batia na mulher. Poderá bater, mas eu não o disse.
Ate pode parecer que é o retrato pintado do Lopes da Caixa, mas eu não me lembro de ter escrito que o Lopes gagueja, logo não me podem acusar de dizer que é desse que falo, pelo menos com certeza absoluta.
Reli este texto à cata de erros. Como é hábito, li-o duas vezes, pois em poucas coisas sou prolifero, mas em erros ortográficos e gramaticais, estou bem posicionado nos índices de produtividade. No final da segunda leitura, fica a dúvida : a par de quantos erros não consegui detectar, não terei também algumas costelas do Lopes?

Sem comentários: